Até 2021 desenvolve-se o primeiro estudo exaustivo sobre mulheres nos órgãos de gestão das empresas em Portugal, apoiando-se numa abordagem integrada com a contribuição da Sociologia, dos Estudos de Género, da Gestão e das Finanças, e a articulação entre métodos de investigação qualitativos e quantitativos.

Sara Falcão Casaca, professora e investigadora do ISEG, lançou o projeto Women On Boards – Mulheres nos Órgãos de Gestão das Empresas: Uma Abordagem Integrada, co-coordenado com Maria João Guedes, também professora e investigadora do ISEG, numa conferência em que foi também apresentado o livro Género e Mudança Organizacional, da autoria de Sara Falcão Casaca e Johanne Lortie.

Financiado pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT) e pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, através de fundos nacionais (PIDDAC) e acolhido institucionalmente pelo SOCIUS-CSG/ISEG-ULisboa, o projeto WOB, que se estende até 2021, é o primeiro estudo exaustivo sobre mulheres nos órgãos de gestão das empresas em Portugal, apoiando-se numa abordagem que integra os contributos da Sociologia, dos Estudos de Género, da Gestão e das Finanças, e da articulação entre métodos de investigação qualitativos e quantitativos.

Sob escrutínio estarão cerca de 350 empresas nacionais, abrangidas pela Lei n.o 62/2017, que institui a representação equilibrada entre mulheres e homens nos órgãos de administração e de fiscalização das entidades do setor público empresarial e das empresas cotadas em bolsa. “A triangulação dos níveis de análise macro, meso e micro é um dos seus principais objetivos, requerendo o recurso a métodos de investigação qualitativos e quantitativos. Do ponto de vista metodológico, está ainda concebido para integrar inputs, processos e resultados; além da caracterização exaustiva do perfil dos membros (inputs) dos órgãos de gestão das empresas abrangidas pela Lei n.º 62/2017, procurará apreender se o equilíbrio numérico é gerador de uma maior igualdade entre mulheres e homens – seja nas dinâmicas sociais inerentes ao funcionamento dos órgãos de gestão (processos), seja no alcance dos respetivos resultados (outcomes)”, como se pormenoriza no site do projeto. No que diz respeito aos processos, a igualdade será aferida sobretudo avaliando “o grau de influência exercido por mulheres e homens relativamente a matérias operacionais, estratégicas e de supervisão, a igual oportunidade para exercer cargos executivos, para ocupar a posição cimeira (presidência) e/ou outros cargos de gestão proeminentes, e a igual oportunidade para consolidar capital social e obter recompensas financeiras (incluindo na sua componente variável).”

Ao abrigo dos objetivos estabelecidos para o projeto, a equipa procurá avaliar quais os efeitos de “um maior equilíbrio numérico na revisão das políticas, processos e práticas das respetivas empresas, no sentido da promoção de modelos de organização e de culturas de trabalho sensíveis à igualdade entre mulheres e homens. Procurar-se-á também compreender de que modo é que as representações sociais de género estão incrustadas (embedded) no mercado de capitais, observando a reação dos mercados ao novo enquadramento legal, a partir da metodologia event study”.

No final, o Women On Boards pretende integrar a teoria, a evidência empírica, as políticas e as práticas sociais através da institucionalização de um think tank, que envolverá actores-chave (stakeholders) na definição de recomendações, soluções e estratégias que, complementarmente, possam potenciar a igualdade de género nas empresas em Portugal. Este grupo de stakeholders inclui associações científicas, confederações empresariais, confederações sindicais, consultoras com estudos e iniciativas WoB, entidades de supervisão e regulação, governo e organizações governamentais, plataformas, associações de mulheres, profissionais, gestoras, entre outros.

Fonte: https://executiva.pt/estudo-women-on-boards/